A OVELHA NEGRA PODE SER A MAIS SAUDÁVEL DA FAMÍLIA!
A imagem graciosa da ovelhinha negra nos leva a imaginar um serzinho que se aceita como é, e que se sente confortável emocionalmente em seu meio.
Quantos de nós não gostariam de gozar da mesma atitude e estado de espírito, não é mesmo?
Em nossa cultura, pessoas diferentes são habitualmente apontadas como desviantes, marginais, loucas entre outros adjetivos, porém, na verdade, são apenas pessoas que diferem do comportamento aparentemente normal; são comumente nominadas: "ovelhas negras".
Mas, se observarmos a representação, a ovelha negra seria a única de um rebanho predominantemente branco. Rebanho este composto por uma maioria aderente às condutas do pastor, que não apresenta indícios de rebeldia ao imperativo do dono.
Mas será que a ovelha negra, de fato, tem problemas? quais? Seria possível estabelecermos uma relação com a vida que levamos na sociedade atual?
Diria que, se o pobre bichinho tivesse um problema, seria o desafio de lidar com o julgamento alheio, ao invés de tentar se encaixar no comportamento do rebanho.
Ocorre que, habitualmente, todo comportamento que difere em meio ao rebanho que chamamos de sociedade, é notado com olhares críticos, censura e desaprovação.
Mas por qual motivo? A vida alheia importa tanto assim?
Em nossa interação diária, somos reflexo e refletimos o outro sem nos darmos conta disso. Muitas vezes, o comportamento repudiado é exatamente aquele que se desejava ser capaz de exercer. Escondem-se nas entrelinhas do inconsciente de quem julga as ovelhinhas negras, desejos, ideais e fantasias que não são admitidas, até mesmo ao maior confidente do censurador. Dessa forma, o cidadão crítico passa a identificar, no outro, o "problema" que habita nele mesmo.
É dessa forma que imolamos a ovelhinha negra todos os dias, sentindo o alívio de sua morte, como se a tragédia marcasse também a morte do que repudiamos em nós.
William Sousa
CRP: 06/103810